FLINF, a festa do encontro



Nova Friburgo experimentou sua primeira Festa Literária no último fim de semana. A FLINF conseguiu reunir dezenas de autores, escritores, contadores de história, jornalistas, educadores e artistas de muitas áreas. No dizer de seus organizadores, foi uma “festa do encontro”.

A Academia Friburguense de Letras foi parceira na realização do evento. Debruçou-se sobre a produção e planejamento da festa, não apenas pela chancela que uma casa de autores outorga a um movimento dessa natureza, mas, especialmente, por reconhecer na iniciativa a oportunidade de uma sociedade se despertar para a Literatura.

No Brasil, os números sobre livros e leitores são, ainda, muito baixos. A população lê pouco e, em algum sentido, lê mal. Na contramão desse cenário, a FLINF irradiou letras, palavras e histórias pelos cantos da cidade. A presença do público revelou que, apesar das dificuldades, há uma sede sincera por saber, por informação, por arte; uma sede por cultura. E isso é um excelente sinal. Alimenta esperança!

A FLINF foi uma festa. Na acepção mais básica do termo: espaço de alegria e confraternização, mesclado com espontaneidade, voluntariado e entrosamento. Não houve lucros, a não ser os de natureza cultural. Não houve perdas, a não ser os relacionados aos limites (ilusórios, as vezes) que se interpõem entre livros e leitores

A FLINF foi uma festa do encontro. E, seguramente, essa foi a tônica presente em cada mesa, cada sarau, cada contação de história, cada bate-papo. Entre convidados, organizadores, voluntários e o público presente o que se viu, com brilho nos olhos, foi a gratidão pelo encontro e pela oportunidade de mergulhar em novas e promissoras descobertas.

A FLINF é ideia antiga. E, como boa ideia, é ideia que não tem dono. É ideia que se auto sustenta. É ideia que tem valor. É ideia que pertence à coletividade. Ninguém “inventou” uma Festa Literária. Apesar disso, a FLINF teve o valor de conclamar, propor, planejar, reunir, realizar e celebrar. E isso foi, sim, inédito.

Por fim, uma palavra de reflexão sobre a Festa e sobre a Literatura. Nada mais solitário que os atos de escrever e de ler. Claro que cabem parcerias e alguma publicidade, mas o ato em si – entre o pensamento e a escrita; entre a reflexão e a leitura – é profunda e positivamente individual. Apesar disso, todavia, uma Festa é capaz de reunir os “solitários” de plantão numa experiência de comunhão de letras e ideias. Isso só faz sentido porque, se a festa reúne, a relevância dessa mesma festa só é real se houver gente com o que dizer e o que ouvir – coisa que se aprende lendo e escrevendo.

Parafraseando o Artur da Távola, “Literatura é vida interior e quem tem vida interior jamais padecerá de solidão”.

Terminada a FLINF, já esperando por sua segunda edição, é hora de voltar ao solitário, exigente e doce espaço da leitura e da escrita – uma festa e uma guerra em cada página.

Ricardo Lengruber

Ricardo Lengruber Lobosco é Bacharel em Teologia pelo Instituto Metodista Bennett (1995), e com Licenciatura Plena em História pela Faculdade de Filosofia Santa Dorotéia (1998). Especializado em Teologia e Ministério pelo McCormick Theological Seminary (1998) e em Administração Escolar pela UCAM (2011). Mestre (2002) e Doutor (2007) em Teologia Bíblica pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro.

Cadeira nº 11 - Patronímica: Cruz e Souza.


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